IGUALDADE NA DIFERENÇA
Projeto interdisciplinar sobre inclusão social
Lendo com os olhos de dentro
Obra: Mãos de Vento e Olhos de Dentro
Autora: Lô Galasso
Ilustradora: Aída Cassiano
Nível sugerido: Educação Infantil
Objetivos:
• proporcionar oportunidades de ampliação dos conhecimentos sobre o corpo humano e o próprio corpo;
• propiciar um ambiente interativo para descobertas e reflexão sobre os sentidos, de forma que a aprendizagem ocorra com prazer e autonomia;
• favorecer a fruição e a valorização da literatura infantil, orientando as crianças quanto ao manuseio correto dos livros e estimulando a expressão e a troca de opiniões sobre forma e conteúdo;
• promover a valorização da arte como objeto de conhecimento, enfocando momentos significativos da história da arte, o papel do artista e da obra de arte em diferentes épocas e a compreensão da arte como produção, fruição e reflexão;
• facilitar a sensibilização e a construção de valores no tocante à importância da diversidade e do respeito à expressão e às características individuais.
I – Aquecimento
Organize uma roda de conversa cujo assunto seja o corpo humano, sua importância e suas funções e faça o levantamento do conhecimento prévio das crianças.
a) Às crianças menores, solicite que tragam bonecos de casa e proponha que nomeiem as partes do corpo desses bonecos.
b) Em seguida, sugira jogos baseados no corpo. Exemplos: “cabeça, ombro, perna e pé”; “estátua”.
II – Compreensão de texto
Faça uma leitura compartilhada do livro Mãos de Vento e Olhos de Dentro. Terminada a atividade, questione as crianças sobre a história, pedindo que a reproduzam oralmente. Discuta com elas sobre os trechos que acharam mais importantes, emocionantes ou divertidos.
Proponha, se for o caso, alguns dos seguintes temas:
a) a mania de “perguntação” da mãe do Tico;
b) a tristeza dele diante da idéia de que Lia teria mentido para ele;
c) o entusiasmo de Lia com a brincadeira e sua maneira própria de enxergar;
d) a maneira como os dois amigos respeitam suas diferenças, se gostam e permanecem grandes amigos, mesmo longe um do outro.
III – Leitura de imagem
1. Prepare pranchas com obras de artistas plásticos que representem o corpo humano (exemplos: Michelangelo, Rodin, Tarsila do Amaral, Gustavo Rosa, Botero, Niki de Saint Phalle, Picasso, Aldemir Martins, Portinari, etc.).
2. Fale sobre os diferentes modos de olhar e representar o corpo humano e sobre a diversidade de tipos físicos existentes no mundo.
Enfatize a riqueza dessa diversidade, tanto dos pontos de vista artísticos como das características humanas.
3. Conte alguns fatos importantes da vida de cada artista trabalhado e proponha que as crianças façam algumas releituras de pranchas que achem mais bonitas ou interessantes. Sugira que cada releitura seja feita com materiais e combinações de cores diferentes (por exemplo: aquarela, guache, giz pastel, massa de biscuit, argila, carvão, canetinhas, etc.).
4. Uma variação desta atividade seria propor uma releitura como intervenção. Nesse caso, as folhas de papel que serão distribuídas às crianças já devem conter uma parte da figura original colada (pode ser apenas a cabeça, ou o tronco, ou só as pernas) e elas, então, deverão completar a figura como desejarem. Esta atividade dá margem a resultados surpreendentes.
5. Partindo das vivências relacionadas à expressão plástica, explique aos alunos que, assim como alguns artistas fazem pinturas, esculturas e desenhos, outros escrevem livros – os escritores. Conte às crianças sobre como se faz um livro, quais etapas são necessárias para chegar ao momento da publicação e da sessão de autógrafos.
Pergunte-lhes se já foram alguma vez a uma dessas sessões e o que acharam.
6. Ressalte que, da mesma forma que cada pessoa tem um jeito próprio, pessoal, de ser, de ver, de pensar, de sentir, cada artista tem seu jeito próprio, diferente, de pintar ou de escrever. Um mesmo escritor pode escrever livros diferentes, e cada pessoa tem um jeito totalmente único de se expressar.
7. Reforce a diversidade de estilos, chamando a atenção dos alunos para a importância da colaboração dos ilustradores. Nesse ponto, utilize o livro História Cabeluda, de Lô Galasso e Maria Lúcia Mott, que trata dos diferentes tipos de cabelos. Além de trabalhar mais um elemento importante da autopercepção das crianças, esse segundo livro pode ser usado para sublinhar as diferenças de expressão entre as ilustradoras.
IV – Jogos para desenvolver a percepção
1. Providencie um espelho cuja dimensão permita que as crianças se vejam de corpo inteiro. Peça-lhes que olhem no espelho e percebam o contorno de sua imagem corporal. Proponha então que reproduzam esse contorno no papel.
2. Organize uma oficina para que as crianças vivenciem situações de exploração sensorial.
a) Após vendar-lhes os olhos, exponha as crianças a diferentes amostras de alimentos com aromas bem marcantes, para que os identifiquem pelo olfato (exemplos: laranja, café, canela em pau, cravos-da-índia, etc.). Seria interessante incluir entre os alimentos algo inusitado, como um sabonete ou um perfume.
b) Retiradas as vendas dos olhos das crianças, exponha-as a substâncias ou alimentos visualmente semelhantes, que elas terão de identificar por meio da visão (exemplos: amostras de sal e açúcar, terra e café). Pergunte-lhes se é possível identificar tais substâncias ou alimentos somente com a ajuda da visão. Peça-lhes que indiquem qual sentido terão de usar.
c) Ponha para tocar um CD que contenha vários tipos de ruídos e sons e solicite às crianças que os identifiquem.
d) Na própria sala de aula, ao som de música clássica, peça às crianças que deitem no chão feche os olhos e, como se fossem a Lia, imaginem (vejam com os “olhos de dentro”) formas que o vento vai fazendo nas nuvens. Em seguida, peça-lhes que contem o que viram/imaginaram e proponha que desenhem essas formas.
3. Visando integrar atividades de matemática, artes e literatura, proponha às crianças que construam um jogo de percurso. Elas devem reconstruir as cenas que considerarem mais significativas da história do livro Mãos de Vento e Olhos de Dentro. Os jogos de trilha são úteis para favorecer o desenvolvimento da orientação espacial, estabelecer comparações número/quantidade, treinar discriminação visual, etc. Ajude-as a formular as regras do jogo e a inventar legendas para cada ponto importante do percurso, de modo que a atividade fique mais empolgante.
Projeto elaborado por:
Maria Beatriz Carvalho Sica, graduada em Pedagogia pela Faculdade de Educação da USP e professora de Educação Infantil na Escola Alfa. Dedica-se atualmente a aprofundar os conhecimentos de psicanálise aplicada à educação, por meio de cursos no Instituto de Psicologia da USP e no Instituto Sedes Sapientiae.
Paula Lucas Setúbal é graduada em Pedagogia pela PUC-SP com habilitação em Educação Infantil. Atua há quatro anos como professora auxiliar de Educação Infantil. Atualmente cursa Psicopedagogia na PUC-SP e realiza trabalho de diagnóstico psicopedagógico, sob orientação, junto à Rede Estadual, com crianças do Ensino Fundamental I.