Educação Infantil: Formação de Professores e Inclus ão da Família na Escola


Anais  do 2º Congresso  Brasileiro  de Extensão Universitária

Belo  Horizonte – 12 a 15 de  setembro de 2004

Área Temática de Educação

Resumo

As instituições de Educação Infantil têm procurado inserir na sua prática cotidiana tanto os pais como a comunidade. Uma boa articulação entre a famí lia e a instituição, visando ao mútuo conhecimento dos processos de educação, valores e e xpectativas é, portanto, necessária. Para acolher e interagir com as diferentes estruturas familiares nas instituições, a formação de seus profissionais é fundamental. Neste sentido, o “Programa Emergencial para Habilitação Profissional em Nível médio, Modalidade Normal, do Professor de Educação Infantil, em

Exercício”  tem  preparado  profissionais  da  Educação
Infantil  para  o  exercício  competente  da
profissão,  dando  suporte  para  uma  formação  adequada
e  de  qualidade.  O  objetivo  do  presente

trabalho é analisar a experiência desse Programa “oferecido pela Universidade Federal de Viçosa sobre a atuação dos alunos na inclusão da família n a escola. Inicialmente, utilizou-se de pesquisa documental por meio da análise de 14 projetos de intervenção e os respectivos relatórios dos alunos. Posteriormente, foram analisados os relatos dos alunos em atividades de sala de aula e seminários e o relato das famílias que participaramdos projetos. Os resultados revelaram que a inclusão da família na escola não é uma tarefa fácil mas ela é possível, quando se procura as estratégias mais adequadas e viáveis.

Autoras

Márcia Onísia da Silva (acadêmica de Economia Doméstica)

Maria José de Oliveira Fontes (Professora Assistente)

Naíse Valéria Guimarães Neves (Técnica de Nível Superior)

Instituição

Universidade Federal de Viçosa – UFV

Palavras-chave: educação infantil; família; formaçã    o de professores

Introdução e objetivo

Atualmente, há uma ferrenha discussão entre educadores e vários segmentos da sociedade no que diz respeito à participação e o envolvimento da família no cotidiano escolar de seus filhos. No atual contexto sócio-econômico em que se encontr a o país, pais e mães têm se distanciado cada vez mais do ambiente doméstico, gerando assim,o ingresso precoce da criança na escola. Esta última, por sua vez, não pode arcar sozinha com a responsabilidade de cuidar e educar de crianças pequenas, sem o conhecimento das aspiraçõe s da família quanto à sua educação. Assim, torna-se necessário uma articulação entre família e instituição, visando o mútuo conhecimento dos processos de educação, valores e expectativas p ara que ambas se complementem, conforme o art. 29 da LDB/96. De acordo com a Unesco (2003), “ é crucial que a Instituição de Educação Infantil respeite e valorize a cultura das diferentes famílias envolvidas no processo educativo”, devendo estimular a participação destas no cotidian o escolar. Esta, não é tarefa fácil, pois muitos pais trabalham fora de casa o dia todo, não dispond o de tempo para acompanhar seus filhos na




escola,  outros  mesmo  que  tenham  tempo,  consideram  que  sua  participação  não  é  importante,

creditando ao professor a tarefa de educar sozinho seu filho.

É  claro  que  escola  e  família  são  instituições  difer     entes,  que  se  contextualizam  em  vários

moldes culturais, merecendo respeito mútuo, devendo-se assim, encontrar o ponto de convergência entre ambas. Cabe ressaltar ainda, quetanto a escola quanto a família, têm passado por transformações importantes. A família deixou de ser extensa, constituída por avós, pai, mãe, filhos, noras, genros e netos residindo na mesma casa, concentrando-se hoje, em núcleos menores e, muitas vezes, diferentes da tradicional família nuclear, configurando-se em outros modelos como monoparental (somente um dos pais), formadas por casais separados que tinham filhos de outro casamento e, mesmo por casais de homossexuais. A escola, por sua vez, está deixando de ser tradicional, na busca de novas metodologias de ensino, de novas formas de trabalhar a construção do conhecimento, inclusive, procurando r espeitar a bagagem que seus alunos já trazem, tentando inserir em suas práticas cotidianas a comunidade, os pais e outras pessoas a

quem possam interessar suas atividades.

Cabe às instituições de educação prepararem-se para      acolher e interagir com as diferentes

estruturas familiares que constituem a sociedade nos dias atuais. Para tanto, a formação de seus profissionais é de extrema importância pois, no dia-a-dia, são eles que vão lidar com a criança e sua família.

A formação de professores é um dos itens contemplados pela LDB, em seu artigo 62 redigido nos seguintes termos: “ a formação de docentes para atuar na educação básic a far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mín ima para o exercício do magistério da educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal”. Aqui chama-se a atenção para a ênfase na formaçã o de professores da educação infantil, cuja redação na L DB, é clara ao afirmar que é admitida a formação em nível médio, porém exigindo que seja na modalidade normal. Isto significa que é emergente a habilitação desses profissionais, confe rindo-lhes a graduação necessária para que possam continuar a atuar neste nível de ensino. A mesma LDB, institui a década da educação, iniciada em 1997 que terá seu encerramento em 2007,afirmando que até o final deste período, somente serão admitidos profissionais habilitados e m nível superior ou formados por treinamento em serviço.

Neste contexto, foi criado, em Minas Gerais, o Programa Emergencial para Habilitação Profissional em Nível médio, Modalidade Normal, do Professor de Educação Infantil, em Exercício, que faz parte das ações do Programa Minas - Unive rsidade Presente, aprovado pelo Conselho Estadual de Educação. Ele foi implantado e m 1997, com o nome de Programa Minas por Minas; a partir de 2001, recebeu o nome de Programa Minas – Universidade Presente. Desde a sua implementação, o desenvolvimento de suas açõe s tem ocorrido em parceira com diversos órgãos e instituições do estado de Minas Gerais tai s como: Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Esporte – SEDESE , com recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador); Secretaria de Estado da Educação de M inas Gerais, Instituições de Ensino Superior de Minas Gerais, e Prefeituras Municipais das regiõ es atendidas. O Curso de Habilitação do Educador Infantil, integrante do Programa, tem preparado profissionais da Educação Infantil para o exercício competente da profissão, dando suporte para uma formação adequada e de qualidade. Ele é oferecido em módulos, nos quais são trabalhad os diversos conteúdos voltados para a atuação profissional, fornecendo os subsídios neces sários para execução de projetos de intervenção na prática pedagógica diária dos seus alunos.




Assim, o objetivo do presente trabalho é analisar aexperiência do “Programa Emergencial para Habilitação Profissional em Nível médio, Modal idade Normal, do Professor de Educação Infantil, em Exercício”, oferecido pela Universidad e Federal de Viçosa no que diz respeito à atuação dos professores em instituições de educação infantil, tomando por base as ações voltadas para a inclusão da família na escola. Especificamen te, pretende-se analisar as principais estratégias utilizadas pelos alunos do curso de Habilitação do Educador Infantil para a inclusão da família na escola; descrever sobre os impactos de algumas dessas intervenções nas instituições envolvidas e nas famílias e relatar sobre a contribuição dos projetos de intervenção na formação e atuação dos alunos.

Metodologia

Na Universidade Federal de Viçosa, o “Programa Emer gencial para Habilitação Profissional em Nível médio, Modalidade Normal, do Professor de Educação Infantil, em Exercício” foi registrado como projeto de Extensão, nº 246 em setembro de 2000, sendo, portanto, reconhecido e aprovado pela administração superior. O Curso de Habilitação do Educador Infantil encontra-se em andamento, tendo iniciado em novembro de 2002, com previsão de término em dezembro de 2004. Ao final do curso, os alunos receberão a certificação pela Escola Estadual Luiz Salgado Lima, localizada em Leopoldina e pertencente à 19 a SRE, indicada pela 33ª Superintendência Regional de Ensino de Ponte Nova. A certificação emitida confere habilitação do Ensino Médio, modalidade Normal.

O Programa atende um total de 45 alunos, que são p rofissionais atuantes na Educação Infantil, na região da zona da Mata Norte de Minas Gerais. Deste total, 4 são candidatos à capacitação pois já possuem a habilitação e 41, à h abilitação em nível médio. As instituições participantes do curso são dos municípios de Viçosa , Urucânia, Santo Antônio do Grama, São Geraldo e Canaã. Dentre essas instituições, oito sã o públicas, quatro particulares, quatro filantrópicas e uma federal.

O curso é oferecido em três módulos, todos com etapas presenciais e semipresenciais e, na UFV, já foram concluídos os dois primeiros módulos. Na etapa semipresencial, os alunos têm oportunidade de desenvolver diferentes trabalhos nas instituições em que trabalham: são projetos de intervenção relacionados com os conteúdos da eta pa presencial. Os projetos são orientados por instrutores do curso, que avaliam a viabilidade da aplicação dos mesmos nas diversas instituições da cidade e da região, bem como a coerência de seus objetivos e aplicabilidade destes nas diferentes realidades encontradas. Após a execução do projeto, os alunos elaboram o relatório que contém, entre outros, avaliação e os impactos alcançados com o mesmo. A aplicação é de responsabilidade do aluno e da instituição à qual e stá vinculado e, posteriormente, os resultados são apresentados em seminários e avaliados pelos instrutores.

Para a realização deste trabalho foi feita, inicial mente, uma pesquisa documental por meio da análise de projetos e relatórios de todos os alunos do referido curso, elaborados e executados no período de outubro a dezembro de 2003. Em uma segunda etapa, foram analisados os relatos dos alunos em atividades de sala de aula e em apresentação de seminários enfatizando o relato das famílias que participaram dos projetos. Foi analisado um total de 14 projetos de intervenção e seus respectivos relatórios, realizados por grupos formados pelos alunos de cada instituição envolvida.


Resultados e discussão

Para Trancredi e Reali (2002), envolver a família no cotidiano escolar das crianças, pode significar uma interação entre as duas instituições , escola e família, com vistas a conhecerem-se




melhor e realizar um trabalho em conjunto. As instituições devem propor um trabalho de esclarecimento e troca de informações com as famíli as, de forma a incentivar sua participação no programa de atendimento à criança (Campos, 1998). S ão várias as estratégias possíveis de serem realizadas, dentre elas destacam-se: reunião de pai s, conferências individuais, contatos informais, visitas domiciliares, participação dos pais em ativ idades com as crianças, empréstimos de livros, festas e comemorações, informativos, palestras, sem inários e excursões com a participação dos pais (Neves, 2003). O quadro abaixo descreve as atividades contempladas pelos alunos do curso para incluir as famílias em seus programas institucionais, as estratégias utilizadas por tipo de instituição e o número de ocorrências de cada uma delas.

Quadro I. Estratégias utilizadas pelos alunos paraa inclusão da família na escola, conforme o tipo de instituição e o número de ocorrências

Estratégia utilizada
Tipo de instituição
N o de ocorrências
Visitas domiciliares
Pública e filantrópica
2
Festas e comemorações
Particular e pública
2
Empréstimo de livros
Particular, filantrópica e pública
3
Participação dos pais em atividades
Pública federal
2
na sala – leitura de histórias


Participação dos pais em atividades
Pública federal
1
na sala - estudo dos insetos


Informativo
Pública municipal
1
Participação  dos  pais  em  atividades  de
Filantrópica
1
Psicomotricidade


Confecção   de   jornal   pelas   crianças   e
Pública federal
1
suas famílias


Reunião de pais
Pública
2
Exposição de artes pelas crianças
Pública
2

Pode-se perceber, que as estratégias nem sempre estão relacionadas ao tipo de instituição, ou seja, se ela é pública, particular ou filantrópica. As instituições públicas, muitas vezes, as que mais sofrem com a falta de recursos, sejam financeiros, humanos ou materiais, tentaram trabalhar com as mais variadas estratégias, independente de eus custos. Apesar disso, pode-se perceber que houve uma seleção estratégica das atividades, com vistas a aplicar a que representasse o mais baixo custo. Este é um fator importante, pois nas considerações da Unesco, em um país marcado por profundas desigualdades sociais, como é o casodo Brasil, uma série de condições sociais e familiares coloca as crianças em situação de risco. Sendo assim, o atendimento de qualidade produz resultados positivos no desenvolvimento e aprendizagem da criança. A interação da família é fundamental neste processo, apesar de terseus custos, porém as experiências mostraram que a relação custo-benefício é válida. Com relação ao tipo de estratégia escolhida, pode-se perceber que não houve uma variação muito grande en tre elas, sendo o empréstimo de livros a mais utilizada, configurando-se. Esta estratégia pode favorecer não só a interação da família com

a escola, mas influenciar o desenvolvimento do gosto pela leitura, o que no Brasil, não tem sido muito difundido. É importante ressaltar que ainda e stamos em um país de analfabetos e que em Minas Gerais, 11% da população adulta, acima de 15 anos não sabe ler nem escrever, conforme os últimos dados sobre educação do IBGE. Se não hou ver este incentivo desde a infância dificilmente se conseguirá reverter este quadro. Aolevar os livros de história infantil para a casa, a criança, além de desenvolver o gosto pela leitura, incentiva a família a gostar mais de ler. As




visitas   domiciliares,   festas   e   comemorações,   partic  ipação   dos   pais   em   atividades   nas   salas,

reunião  de  pais  e  exposição  de  artes  configuraram-s
e  em  segundo  lugar,  sendo  utilizadas  duas
vezes, cada uma.









Com
relação
às
visitas
domiciliares,
cabe
ressaltar
que
essas
sempre
demandam

disponibilidade de tempo dos familiares fora do horário de trabalho para receber os representantes da instituição e um número maior de profissionais para realizá-las. Esta estratégia exige um cuidado especial por parte da instituição, pois nem sempre os pais e responsáveis pela criança se dispõem a receber professores ou auxilia res de sala, por acreditarem que é uma forma de invasão da privacidade domiciliar. Por outro lad o, há aqueles que sentem-se orgulhosos da visita e demonstram grande satisfação em receber al guém ligado a educação de seu filho. Procuram expor todos os problemas relacionados à cr iança e, muitas vezes, até extrapolando os objetivos propostos e colocando situações de sua vi da que dificultam na educação e cuidados de seus filhos, mostrando à instituição o quanto ela é importante na complementação da educação dos seus filhos. Essa é uma estratégia de grande validade, pois a educação infantil tem como finalidade, conforme o artigo 29 da LDB/96 “ o desenvolvimento integral da criança, até 6 anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, int electual e social, complementando a ação da família e da comunidade”. Neste caso, nada mais conveniente que conhecer e sta família e as aspirações desta em relação ao trabalho institucion al requerido para seu filho. No caso de comemorações, pode-se afirmar que esta tem sido, na maior parte das vezes, a estratégia de que mais se lança mão, pois sempre há comemorações na e scola, seja para receber as crianças no início do ano letivo ou para se despedir delas no encerramento das atividades anuais. Além destas, há algumas datas comemorativas, como dia das mães, dos pais, das crianças, do índio, etc, que sempre contam com atividades extensivas à famíl ia.

A participação dos pais nestas atividades nem sempr e é satisfatória, pois muitas vezes, estas ocorrem em dias da semana e como os pais trabalham fora fica difícil conseguir uma licença para se ausentarem do local de trabalho. No caso de escolas rurais, esta situação é ainda mais complicada, pois além do trabalho no campo, há o problema do transporte, quase sempre precário. Porém as intervenções aqui propostas, mostraram-se bastante eficientes, atingindo-se um número considerável de pais nas atividades. Jáomc relação à participação destes em atividades diárias, nas salas com as crianças, há mau maior dificuldade, pois nos horários de atendimento, em geral, os pais estão trabalhando ou ocupados com seus afazeres domésticos, o que dificulta o seu deslocamento até a instituição. No entanto, nos projetos de intervenção em que se utilizou desta estratégia, houve uma participação que, na avaliação das alunas, foi de grande importância tanto para os pais, quanto para as cria nças e a instituição. A inserção deles na rotina das crianças enquanto estão na instituição, é uma f orma de conhecer o trabalho que é realizado e auxilia os pais, inclusive no processo de adaptação e na aquisição de confiança no trabalho institucional de educação e cuidados. Outra forma m uito comum de envolvimento dos pais são as reuniões e as conferências individuais, que devem ocorrer periodicamente e sempre que houver necessidade. O que ocorre na maioria das instituiçõ es é uma reunião no início do ano para tratar da entrada da criança, das normas institucionais e do material necessário, e uma no final do ano para uma avaliação da criança, conforme diagnóstico das alunas, relatado nos projetos de intervenção. Com base neste diagnóstico, muitas opt aram por realizar uma reunião com pais ou responsáveis pela criança, para identificar com eles, suas aspirações com relação ao trabalho que desejavam para seus filhos e também para informá-los sobre o trabalho da instituição. Com base nas informações fornecidas pelos pais, os professor es fizeram um levantamento das melhores sugestões que poderiam ser implantadas para modific ar seu trabalho, com o objetivo de melhorá-lo e de atender aos anseios da família.




As atividades de psicomotricidade são intensamente trabalhadas em instituições de atendimento à crianças com necessidades especiais, devido à estimulação constante que estas devem receber para seu desenvolvimento. A intervenç ão aqui relatada foi realizada na APAE de Viçosa e contou com a participação de algumas mães. É importante ressaltar que a presença de alguém familiar pode auxiliar a criança no seu processo de adaptação, caso esteja entrando na

instituição ou mudando de sala,  e  na realização des    tas atividades, pois elas são mais sensíveis ao

ambiente e influenciadas pelo meio a que estão expo stas.

Os impactos das intervenções nas instituições, nas      famílias e na formação dos alunos

Uma  das  intervenções  realizada  foi  a  grupo  formado    por  alunas  que  atuam  no  Laboratório

de Desenvolvimento Infantil- LDI, localizado no Campus da Universidade Federal de Viçosa. O projeto constituiu-se basicamente da confecção de u m jornal pelas próprias crianças e seus pais. A estratégia utilizada foi usar um catálogo de modainfantil, colando em suas páginas, reportagens e curiosidades que as crianças levantav am junto a seus pais, ou que achavam interessantes. O catálogo era levado para casa, seguindo-se uma ordem preestabelecida, de forma que cada criança tinha o seu dia para levar e devol ver. No dia em que era entregue, a professora fazia a leitura junto com as crianças e discutia so bre o assunto abordado. Segundo as alunas, houve um grande envolvimento das crianças e suas fa mílias o que foi de extrema importância para o programa de atendimento do LDI, pois se constituiu em uma nova forma de envolvimento da família nessa instituição.

Uma outra experiência realizada com grande êxito ifoa das alunas de uma instituição pré-escolar da rede particular, que consistiu no empréstimo de livros para as crianças. O projeto foi desenvolvido após um diagnóstico feito pelas alunas , de que não havia um programa de envolvimento da família na instituição em que traba lhavam. Depois de verificarem o acervo literário existente na instituição, elas propuseram à direção da escola a aquisição de novos títulos para atender a demanda. Elaboraram cartas explicando aos pais os objetivos do projeto e as normas para o empréstimo. Fizeram um cronograma para cada turma, emprestando os livros quinzenalmente e cada criança poderia escolher o li vro que queria levar. No dia seguinte, as crianças devolviam os livros e contavam a história para a professora e a turma de sua sala. No relato dos próprios pais, foi uma iniciativa muito eficiente, pois eles começaram a perceber a importância de realizarem leituras de histórias inf antis com seus filhos e observaram que estes começaram a se interessar mais pelos livros. A inst ituição pretende dar continuidade ao projeto durante todo o ano de 2004, conforme as alunas relataram.

A participação de pais em reuniões, realizadas em d uas instituições, foi de grande auxilio para que os professores conhecessem as famílias das crianças e se inteirassem de suas aspirações no que diz respeito ao tipo de trabalho que estes esperavam da instituição. Para esta, foi também uma oportunidade de mostrar aos pais e responsáveispela criança o seu trabalho e de manifestar o que a instituição esperava deles.

O informativo é também uma maneira que as instituições têm de envolver a família em suas ações, de se comunicar com a família, inteirando-a dos acontecimentos diários. Conforme Neves (2003), estas são estratégias que possibilitam aos pais e responsáveis oportunidades de obter informações sobre as crianças, discutindo-se vários assuntos sobre o desenvolvimento infantil, que sejam do interesse de ambas as partes. Nos trabalhos analisados, apenas um grupo optou por elaborar um informativo. O resultado foi uma interação contínua que levou a trocas mútuas de conhecimento que, segundo o relato das alunas, proporcionou um contato maior com as famílias e elas puderam receber sugestões e críticas. Verifi cou-se um aumento do interesse e da participação dos pais desde a aplicação deste proje to e, segundo as alunas, eles continuaram a dar sugestões de assuntos para o próximo informativo.




No caso das festas e comemorações, o que houve não foi a implementação dessas iniciativas e sim, uma melhoria das já existentes.Conforme o relato das alunas, anteriormente à

intervenção, as professoras e a coordenação das ins
tituições planejavam as festas e comunicavam
aos pais. Com a intervenção, os pais envolveram-se
em todas as etapas do processo de realização

das festas desde a discussão para tomada de decisão , até a realização das festividades, juntamente com as crianças.

Para os pais, participar de atividades nas salas é extremamente gratificante e é uma oportunidade única para um contato mais intenso com seus filhos na instituição. Em muitas instituições de educação infantil, há a concepção d e que não é possível nem viável, muitas vezes, devido ao espaço físico da instituição ou pela cren ça errônea de que a presença dos pais pode atrapalhar o desenvolvimento das atividades, conforme as alunas relataram em seus trabalhos. Entretanto, nas duas intervenções em que esta estra tégia foi utilizada, os resultados se mostraram que é possível e mais que isso, é viável. No relatodos pais inteirar-se das ações de seus filhos na escola, proporciona-lhes maior confiança no trabalh o da instituição, pois eles participam e têm contato mais direto com os professores e com as crianças. A instituição que utilizou desta estratégia analisa de forma muito positiva os resultados, garantindo que é uma forma de obter a confiança dos pais em seu trabalho.

As atividades de psicomotricidade, realizadas na APAE, envolveram as mães e seus filhos portadores da Síndrome de Down, a professora de educação física e a aluna que idealizou o projeto. As aulas são realizadas às segundas e quar tas-feiras, com duração de 45 minutos. Foram contempladas atividades tais como: arrastar, pular, rolar bolas, pular obstáculos, etc. Segundo a

aluna que realizou a intervenção, as mães, além de
participarem junto com seus filhos, receberam
informações sobre a importância de cada exercício.
O resultado foi tão positivo, que elas mesmas
sugeriram  a  repetição  destas  em  outras  ocasiões.  A
instituição  começou  a  programar,  após  esta
intervenção,  novas  formas  de  envolver  a  família  em
suas  atividades.  Para  Costallat  (1982),  a
participação  dos  pais  nas  atividades  com  as  criança
s  portadoras  de  necessidades  especiais,  pode

ajudar muito no desenvolvimento infantil, uma vez que a criança sente-se acolhida ao lado de alguém que lhe é familiar.

Conclusões

Pode-se concluir que inclusão da família na escola , não é uma tarefa fácil, pois atrair os pais para realização de atividades com seus filhos demanda planejamento, recursos e tempo disponível de todos os envolvidos. Porém, o que pode ser visto é que é perfeitamente possível, quando se procura as estratégias mais adequadas e viáveis. Essa participação ativa produziu bons resultados e promete bons frutos para o futuro, pois as ações desenvolvidas não param de gerar novas idéias. No depoimento dado pelos próprios pais, a iniciativa é de grande importância, uma vez que lhes dá a oportunidade de conhecer e participar da rotina de seu filho na instituição, proporcionando-lhes maior tempo para se dedicarem a eles. São idéias de baixo custo (ou nenhum), que contam com a criatividade e a imaginaç ão que permitem o envolvimento de pais e instituição, proporcionando a troca de informação e experiências entre eles.

A formação e o treinamento de professores é de suma importância para que possam ter uma base sólida com vistas a atuar de maneira competent e e explorar, ao máximo, as possibilidades de cada atividade a que se propõem. É fundamental que tenham noções básicas dos objetivos das atividades planejadas, para executá-las e aproveita as oportunidades surgidas no decorrer do trabalho, criando novas formas de explorar, priorizando o desenvolvimento integral da criança. Neste sentido, o Curso de Habilitação do Educador I nfantil vem responder à demanda por treinamento, apresentada pelos professores em formação e auxiliar os profissionais atuantes na




área, no desenvolvimento de competências e habilidades requeridas para trabalhar nesta etapa da educação. Um dos impactos do curso é a valorização do profissional perante a instituição, o que pode ser verificado através dos relatos dos alunos .O curso tem possibilitado ainda, a construção de uma consciência crítica sobre o próprio fazer, visando o desenvolvimento e aprimoramento de capacidades, o que oferece ao professor uma maior confiança nos resultados que pretende alcançar em sua prática pedagógica. Assim, o que pode ser visto, é que a elaboração e execução dos projetos de intervenção, durante o curso, tem c ontribuído para a melhoria da atuação desses profissionais e enriquecimento de conhecimentos teó ricos que norteiam o trabalho diário que estes realizam nas diversas instituições em que tra balham.

Referências bibliográficas

CAMPOS, Maria Malta. A regulamentação da Educação I nfantil-Subsídios para credenciamento e funcionamento de Instituições de Educação Infant il. Volume II, MEC, Brasília, 1998.p: 35-63.

Fundação  Orsa-Fontes  para  a  Educação  Infantil.  Por      dentro  da  coisa.  Cortez,  2003.  Brasília:

UNESCO; S. P.

NEVES, N. V. G. et alli. Programa de envolvimento de pais. In: Família e Desenvolvimento humano na Economia Doméstica: O programa de Educação Infantil no Laboratório de Desenvolvimento Humano. Viçosa-MG, UFV, 1996.

TRANCREDI, R. M. S. P.; REALI, A M. M. R. Visões de professores sobre as famílias de seus alunos: um estudo na área da Educação Infantil. Disponível em http://www.anped.org.br Acessado em 18 de maio de 2004.

LDB-Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional- Lei no 9.394. Título VI: Da formação dos profissionais. Artigo 62: A formação de docentes. P oder Legislativo.

COSTALLAT, Dalila Molina. Educação de excepcionais: 3a parte-Psicomotricidade. Globo: Porto Alegre, 1982.