Compreender e Ensinar

Por uma docência da melhor qualidade
Terezinha Azerêdo Rios
Resumo feito por Maria Elena Barreto de Oliveira
HTPC 08.09.2010
  • APRESENTAÇÃO
Rigor e afeto: elementos fundamentais para que a crítica seja consistente e efetiva. (Banca a que foi submetida).
  • INTRODUÇÃO
... “paixão pela idéia de, procurando tornar as pessoas melhores, melhorar a si mesmo ou mesma; paixão em suma, pelo futuro” – CORTELLA

“Envolver-se afetivamente com o futuro é fazer um movimento que guarda uma dimensão de utopia”.

FILOSOFIA E DIDÁTICA/COMPREENSÃO E CIÊNCIA DO ENSINO

  • Philia: partilhar um esforço amoroso               Características da Filosofia
  • Sophia: saber inteiro/ideal a ser buscado

  • Didática da Filosofia: análise crítica da especificidade do ensino de uma área determinada de conhecimento.

  • Filosofia da Didática: busca dos fundamentos de uma ciência que tem como objeto o gesto educativo que chamamos de ensinar.

  • Intenção: realizar uma articulação entre Filosofia e Didática, trazendo ao campo da Didática a reflexão filosófica, procurando fazer uma incursão da Filosofia na Didática.

  • COMPETÊNCIA: enfoque na articulação com a questão da qualidade. (Filosofia: retomada do conceito de qualidade - esfera da prática educativa. Apropriação equivocada de Qualidade TotalÞMunda da Administração –década de 80Þvalores neo-liberais contidos).

  • Qual o significado que se dá à qualidade?

  • É preciso qualificar a qualidade. ( = boa? Nem sempre.)

  • COMPETÊNCIAs = capacidades/habilidades/saberes... (Só semântica?)
Para Terezinha competência é saber fazer bem. (Estética: que faz bem).

“A ação docente competente, portanto, de boa qualidade, é uma ação que faz bem – que, além de ser eficiente, é boa e bonita. O ofício de ensinar deve ser um espaço de entrecruzamento de bem e beleza”.
·         Saborear a realidade.
·         Saber/Sabor: mesma origem etimológica.

“O mundo é do tamanho do conhecimento que temos dele. Alargar o conhecimento, para fazer o mundo crescer, e apurar seu sabor, é tarefa de seres humanos. É tarefa, por excelência, de educadores”.
  • Três tipos de relações na prática do professor:
    1. ser (caráter histórico) e o sentir;
    2. saber;
    3. fazer.
“No ser do professor (e do aluno que ele procura educar) entrecruzam-se sentir, saber e fazer”.

  • SITUAÇÃO REAL DO PROFESSOR/DA ESCOLA: tende a inviabilizar o exercício de uma prática docente competente.
  • Tarefa fundamental da escola: formar cidadão.

“A aula não é algo que se , mas que se faz, no trabalho conjunto de professores e alunos”. (Nem sempre estão dispostos a receber rsrsrs)

  • PROFORMAÇÃO: exemplo de aprender ao ensinar. Curso do MEC que objetiva/objetivou promover a titulação de professores leigos que atuam/atuavam nas séries iniciais do E.F. e Classes de Alfabetização (Norte, Nordeste e Centro-Oeste) – Ensino Médio/Habilitação em Magistério.

CAPÍTULO I – Compreender e ensinar no mundo contemporâneo

  • Como se situarão a Filosofia e a Didática no mundo de hoje?
  • Características deste mundo:
à presentismo;
à apelo ao pragmatismo/valorização do imediato;
àdispersão (todos ensinam a todos);
ànão há tempo e nem lugar para reflexão.

Nosso mundo, nosso tempo – precariedades e urgências
Objetivo: refletir sobre os possíveis caminhos, hoje, da Filosofia e da Didática.
Mundo pós-moderno à CRISEÞ PERIGO
                   ß
                       OPORTUNIDADE
MUNDO PÓS-MODERNO
ASPECTOS NEGATIVOS
ASPECTOS POSITIVOS
  • Globalização: mais tecnologia, mais pobreza; mais comunicação, mais exclusão social.
·     Superação do isolamento nacional;
·     Internacionalização de movimentos sociais;
·     Consideração do pluralismo cultural;
  • Mundo desencantado: desprezam alguns valores fundamentais na construção do mundo e do humano.
·     Busca de um mundo solidário;
·     Perspectiva de uma cidadania planetária (afirmação da solidariedade e do respeito).

à Exige uma postura de análise detida e de vigilância crítica.




·         DEMANDAS DO MUNDO CONTEMPORÂNEO:
à mundo fragmentado: exige uma visão de totalidade, uma articulação estreita dos saberes e capacidades. DIDÁTICA: dialogar com a diversidade dos saberes da docência. Pensar o ensino de modo crítico e ampliado.
à mundo globalizado: requer o esforço de distinguir para unir, reconhecer que é necessário um trabalho interdisciplinar que só ganha sentido se parte de uma efetiva disciplinaridade.
à num mundo em que se defrontam a afirmação de uma razão instrumental e a de um irracionalismo, é preciso encontrar o equilíbrio, fazendo a recuperação do significado da razão articulada ao sentimento, a reapropriação do afeto no espaço pedagógico. (Ampliação da idéia de conteúdos: conceitual+ procedimental + atitudinal. Indivíduo esteja inteiro).

Compreender o mundo
         O conceito de compreensão guarda em seu interior uma referência a uma dimensão intelectual e uma dimensão afetiva.
            É preciso resgatar o sentido da razão que, como característica diferenciadora da humanidade, só ganha sua significação na articulação com os demais “instrumentos” com os quais o ser humano se relaciona com o mundo e com os outros – os sentidos, os sentimentos, a memória, a imaginação.

·         PERGUNTAS FILOSÓFICAS = PERGUNTAS PUERIS
à não se contentam com uma resposta definitiva;
à não se preocupam em mostrar sua ignorância, expõem-na ao manifestar sua curiosidade.

FILÓSOFO: “inveja” os que sabem ou pretendem aprender. Questionador. Vai inteiro em busca do saber.
“A admiração é o primeiro estímulo que o ser humano tem para filosofar” – Aristóteles

·         REFLEXÃO CRÍTICA SOBRE NOSSO TRABALHO: questionamos sua validade. Prática reflexivaàprovocada por questões-limites, por problemas. Re-flexão!
“Quando superamos um problema, não diluímos, não “deixamos para trás” os elementos problemáticos; levamo-los conosco de outra maneira, incorporados à existência, que é contínua”.

·         Partir da indagação: Onde estamos? Ao invés das célebres “de onde viemos?” e “para onde vamos”?

·         Filosofia ganha popularidade pelo viés da ética. “A Ética sai a conversar com o povo”. Isto não empobrece ou vulgariza o conhecimento filosófico, ao contrário, enriquece.
àCafés filosóficos: experimentar o sabor da busca constante pelo saber.
“Pensar a vida e o que ela representa, qual é o seu significando” - Sócrates.
(Núcleo da reflexão ética: reconhecimento e respeito pelo outro).

·         VALE A PENA LER: citação na página 50/Chaui.J
Filosofia = RE-FLEXÃO!

Ensinar o mundo
Didática: tanto como ciência ou disciplina deve favorecer ao professor subsídios para uma ação competente, requerida por seu ofício. Elemento fundamental para o desenvolvimento do trabalho docente.
Ensino: “começo do cultivo de uma mente de forma que o que foi semeado crescerá” – Oakeshott. Terezinha Rios vai além: descobrir no ensino sua função essencial de socialização criadora e recriadora de conhecimento e cultura.

Text Box: PROFESSOR = PROFISSÃO
DOCENTE = PROFESSOR EM EXERCÍCIO


·     Competência didática: Severino pgs 53 e 54.
















·         Não há ensino sem aprendizagem.

·         Tarefas:
à do aluno: aprender a aprender;
à do professor: ensinar a ensinar (garantir organicidade e coerência ao processo de “ensinagem”).

 Didática e Filosofia da Educação: uma interlocução
“Hoje mundo é muito grande, porque Terra é pequena” – Gilberto Gil (Comunicação/Redes eletrônicas)
O mundo cresce como universo de conhecimentos, ações e valores.

        Quantas vezes afirmamos que “já não se fazem alunos como antigamente” e insistimos em ser professores “de antigamente”?.
        A “vigilância crítica” ao trabalho estimula a apropriação da Didática com a Filosofia da Educação.
·         INTERDISCIPLINARIDADE: indivíduos que jogam em posições diferentes num mesmo time que querem alcançar objetivos comuns.

“Janela sobre o corpo”
Galeano
A Igreja diz: O corpo é
uma culpa.
A Ciência diz: O corpo é
uma máquina.
A Publicidade diz: O corpo é
um negócio.
O corpo diz: Eu sou
uma festa.

   Indagação sobre a festa que se promove por um grupo que se chama corpo docente, que trabalha com outro corpo, corpo discente.
    Coisa bonita de se pensar: festa no corpo a corpo que é a aula, espaço de ensinagem; de interação de ações e significações.

·         REFLEXÃO: perguntar pelos valores que fundamentam o trabalho do professor e pelos fundamentos desses valores e iluminar o espaço desse trabalho de maneira a descobrir rumos na direção de uma vida feliz, de uma sociedade justa.

FILOSOFIA DA ÉTICAàperspectiva da realização do bem comum (felicidade).
“O objetivo último do ensino, como socialização de conhecimento, é a contribuição para a realização da cidadania”.
          Aprender é preciso, para viver. É preciso aprender a viver.

CAPÍTULO II – Competência e qualidade na docência

          Ensino competente é um ensino de boa qualidade.
·         Necessidade: adjetivar a qualidade. Fazer a conexão estreita entre as dimensões técnica, política, ética e estética da atividade docente.
A reflexão sobre os conceitos de competência e qualidade tem o propósito de ir em busca de uma significação que se alterou exatamente em virtude de certas imposições ideológicas. Trata-se de procurar recuperar, ou restabelecer, o sentido mais abrangente que guardaram, em sua origem e seu percurso, com objetivo de revitalizá-los em sua significação. (Homens reduzidos à condição de objetos sociais e não sujeitos históricos).

Em busca da significação dos conceitos: o recurso à lógica.

JUÍZO: núcleo da investigação da lógica
                                               DEDUÇÃO  E  INDUÇÃO
ß                  ß
          Afirmação geral           Proposições particulares
ß                                         ß
PARTICULAR                            GERAL       
            Juízos são compostos por conceitos, que são representações mentais dos objetos do conhecimento: “homem”, “salário”, “mortal”, “inteligente”.
            Os conceitos se expressam em termos ou categorias. Os termos possuem duas propriedades lógicas: a extensão e a compreensão.
·         Extensão: definição (Ex.:homem);
·         Compreensão: propriedades/qualidades. (Ex.: animal, mamífero, invertebrado, bípede...).
       Quanto maior a extensão menor sua compreensão e vive-versa.
Ex.: Sócrates: extensãoà menor (um ser único)
                         compreensãoà maior (possui todas as propriedades/qualidades do termo homem mais suas próprias propriedades enquanto uma pessoa determinada).

Qualidade ou qualidades?
Educação de qualidade = BOA EDUCAÇÃO.
QUALIDADE: conjunto de atributos, de propriedades que caracterizam a boa educação. Conjunto de qualidades (propriedades que se encontram nos seres).

            O que se considera bom ou mau tem um caráter histórico. Por isso mesmo é preciso perguntar criticamente: de qual educação se fala quando se fala numa educação de boa qualidade? Ou: que qualidade tem a boa educação que queremos?

T.R: situa historicamente movimento social pg. 71.
Década 50: Qualidade Total (vide introdução)
Década 80: “O que é bom para a empresa, é bom para a escola”. (Reforço dos valores do                     ß            sistema capitalista)
MOVIMENTO CRÍTICO: trouxe à luz o caráter claramente neoliberal da proposta e seus equívocos e contradições (Arroyo e CIA).

  • VALE A PENA LER: citação pgs. 74 e 75/Arroyo.JText Box: “O que se deseja para a sociedade não é uma educação de qualidade total, mas uma educação da melhor qualidade, que se coloca sempre à frente, como algo a ser construído e buscado pelos sujeitos que a constroem”.                                                                     
            “A intensidade da qualidade não é a da força, mas da profundidade, da sensibilidade, da criatividade” – Demo (É questão de competência humana).

CORTELLA: “A qualidade social carece de tradução em qualidade de ensino”.

Competência ou competências?
Competências são capacidades que se apoiam em conhecimentos. (T.R. “traduz” Perrenoud).
FAZENDA: 1. competência intuitiva; 2 - competência intelectiva; 3 - competência prática; 4 - competência emocional.
PCNs. EM: termo ora usado como sinônimo de outros termos como capacidade, conhecimento, saber, ora contendo esses mesmos termos em sua significação.K (?)
            O termo qualificação aparece ligado ou vai sendo substituído pelo de competência.
            ... se supõe que o desenvolvimento de competências conduz à formação de um indivíduo qualificado.
  • Movimento de transformação na noção de qualificação:
Década de 70: qualificação negada.
Década de 80: qualificação tolerada.
Década de 90: qualificação reencontrada.
Competências, no sistema em que vivemos, são definidas levando-se em conta a demanda do mercado.

FRASE DE RH: “SER HUMANO – O MAIOR RECURSO”ideologia embutida.
            O homem não é um recurso – ele possui recursos, cria recursos, Faz uso de seus sentidos, dos seus sentimentos, de sua imaginação, de sua memória, de sua inteligência – esses, sim, recursos – para agir sobre a realidade, transformá-la, adaptá-la a suas necessidades e desejos.

            Será competente um profissional qualificado? Se entendermos a qualificação como um processo, tenderemos a responder afirmativamente.

Text Box: TERMO COMPETÊNCIAS
ò
SUBSTITUI
     NA ESCOLA      ÃÄ      NO TRABALHO
             SABERES                       QUALIFICAÇÃO
           HABILIDADES
           CAPACIDADES
   ò
POR QUÊ?
Indica um movimento que se dá no interior tanto da reflexão quanto da prática educativa e profissional. Portanto, temos que estar atentos à direção desse movimento.
FLEXIBILIDADE X MODISMO (não altera o contexto educacional)
  • Desenvolvimento de competências (documentos oficiais):
Imperatividade para falar do trabalho pedagógico (palavras de ordem).


COMPETÊNCIA
DIMENSÕES
TÉCNICA
Domínio de saberes e habilidades de diversas naturezas que permite a intervenção prática na realidade.
POLÍTICA
Visão crítica do alcance das ações e o compromisso com as necessidades concretas do contexto social.
ò
ÉTICA
Garante o caráter dialético da relação entre as duas dimensões.
Mediação entre técnica/política

  • Polêmica: da competência técnica ao compromisso político. (Há uma dicotomia no título do livro que não existe). As dimensões se entrelaçam.
            A referência ao bem comum, garantida pela presença da ética e articulada aos elementos constitutivos da técnica e da política, conduz à definição da competência como conjunto de saberes e fazeres de boa qualidade. (Saber fazer bem o dever).

            A competência se revela na ação. A dimensão técnica é suporte da ação competente.

RETOMANDO...
  • COMPETÊNCIA:
à extensão: o conjunto de ações dos indivíduos que possuírem essas qualidades.
àcompreensão: uma totalidade que abriga em seu interior uma pluralidade de propriedades, um conjunto de qualidades de caráter positivo, fundadas no bem comum, na realização dos direitos do coletivo de uma sociedade.

Text Box: Ex.: Para dizer que um professor é competente, devo levar em conta:
• A dimensão técnica: saber fazer;
• A dimensão política: saber fazer para;
• A dimensão ética: prática reflexiva que tem por referência a afirmação dos direitos, do bem comum.
' Não se trata de três competências, mas de três componentes de uma competência.
 O conjunto de propriedades, de caráter técnico, ético e político – e também estético (...) é que define a competência.

CRÍTICA AO PERRENOUD: fica patente que não há lista de competências que darão conta da complexidade da formação e da prática do educador, do docente.
  • Formação continuada: ampliação constante de sua competência. “Vamos nos tornando competentes”, porque, segundo Paulo Freire somo seres _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ ! J
  • PROFESSOR: além dos saberes a ensinar, necessita dominar saberes para ensinar.
Text Box: Para concluir é importante retomar:
• Competência e qualidade são noções que se relacionam, na medida em que a ação competente se reveste de determinadas propriedades que são chamadas de qualidades boas;
• O que se busca é uma prática docente competente, de uma qualidade que se quer cada vez melhor, uma vez que está sempre em processo;
• Como os critérios para estabelecimento do que se qualifica como bom têm um caráter cultural e histórico, é importante deixar claros os critérios e seus fundamentos;
• Para indagar sobre a consistência dos critérios, faz-se necessária uma constante atitude crítica, que contribui para iluminar a prática docente competente e apontar suas dimensões.




CAPÍTULO III – Dimensões da Competência

  • TÉCNICA: reporta à realização de uma ação. Impossível ser neutra justamente por causa da inserção num contexto social e político. Quando ignoramos este contexto criamos a visão tecnicista.

Poésis: produção. Criação.
Há um caráter poético na técnica, na prática profissional.
ARTE DOCENTE: dimensão poética.

Práxis docente competente: é preciso que a técnica seja fertilizada pela determinação autônoma e consciente dos objetivos e finalidade, pelo compromisso com as necessidades concretas do coletivo e pela presença da sensibilidade, da criatividade.

  • ESTÉTICA: “aesthesis” à percepção sensível da realidade (sensibilidade/beleza).
Apreensão consciente da realidade, ligada estreitamente à intelectualidade (ordenação das sensações) - OSTROWER
      A sensibilidade e a criatividade não se restringem ao espaço da arte. Criar é algo interligado a viver, no mundo humano. A estética é, na verdade, uma dimensão da existência, do agir humano.

PEREIRA...
  • MACROESTÉTICA: é a ordem institucional e do disciplinar, campo de determinações molares da existência;
  • MICROESTÉTICA: é a ordem da processualidade, dos campos interativos de forças vivas da exterioridade atravessando um sujeito-em-prática.
“Estética da professoralidade” à Trazer luz para a subjetividade do professor, subjetividade construída na vivência concreta do processo de formação e de Prática profissional.
      SUBJETIVIDADE se articula com identidade que é afirmada exatamente na relação com alteridade, com a consideração do outro.

A poética, universo do fazer, não se desarticula da práxis, universo do agir.
“Poder criar beleza”. É uma dimensão ao mesmo tempo sensual e espiritual, estética e ética – OSTROWER.

      A ação docente envolve técnica e sensibilidade. E a docência competente mescla técnica e sensibilidade orientadas por determinados princípios, que vamos encontrar num espaço ético-político.

  • ÉTICA E POLÍTICA: distinguir para unir os conceitos.
ÉTICA E MORAL: o ethos designa, assim, o espaço da cultura – do mundo transformado pelos seres humanos. De lugar de morada ganha o sentido de costume.
      Costume é “mores” em latim. A significação originária comum dos termos ethos e mores tem levado a uma identificação entre os conceitos de ética e moral.

      A ÉTICA passa a designar historicamente uma reflexão sobre o costume/criação de valores.
      O ethos é o ponto de partida para a constituição do nomos, da lei, da regra.
      MORAL: o conjunto de normas que orienta a ação e a relação social e revela-se no comportamento prático dos indivíduos.
      O bem, colocado como referência para as ações e relações, é algo que se estabelece social e historicamente.

RELAÇÃO: os seres humanos criam as regras, e devem submeter-se a elas, para viver juntos. As normas, as leis, são constituidoras da organização social, da polis.

“A política surge no entre-os-homens” –ARENDT
ò
Necessidade de sua articulação com a ética.

ÉTICA ¹ ETHOS
ðciência do ethos/reflexão crítica sobre o ethos.

ÉTICA ¹ MORAL
ðela pensa criticamente sobre a moral.

ÉTICA: caráter reflexivo;
MORAL: caráter normativo.

“O trabalho docente competente é um trabalho que faz bem” –(Para o aluno, para a sociedade e para o professor).

   Assim, a docência da melhor qualidade, que temos de buscar continuamente, se afirmará na explicitação dessa qualidade – o quê, por quê, para quê, para quem. Essa explicação se dará em cada dimensão da docência:
  • Na dimensão técnica, que diz respeito à capacidade de lidar com os conteúdos – conceitos, comportamentos e atitudes -  e à habilidade de construí-los e reconstruí-los com os alunos;
  • Na dimensão estética, que diz respeito à presença da sensibilidade e sua orientação numa perspectiva criadora;
  • Na dimensão política, que diz respeito à participação na construção coletiva da sociedade e ao exercício de direitos e deveres;
  • Na dimensão ética, que diz respeito à orientação da ação, fundada no princípio do respeito e da solidariedade, na direção da realização de um bem coletivo.

            Por isso, a cidadania que precisamos formar, com o exercício da docência competente, não é uma cidadania qualquer. Ela ganha sentido num espaço democrático, que também demanda um esforço de construção coletiva e no qual dilemas e conflitos estão a nos desafiar.

CAPÍTULO IV – Felicidadania

“É impossível ser feliz sozinho” – Tom Jobim

CIDADANIA: implica uma consciência de pertença a uma comunidade e também de responsabilidade partilhada. Ganha sentido num espaço de participação democrática, na qual se respeita o princípio ético da solidariedade.
ðSÓCIO DA CIDADE.

DEMOCRACIA: democracia representativa precisa ser articulada com a democracia participativa. (Muito além do voto).
            “Não basta ter o direito de participar, mas é preciso que se criem condições efetivas para essa participação”.

            A relação entre cidadania e democracia explicita-se também no fato de que ambas são processos. O empenho coletivo deve se dar na direção de uma democratização, assim como de uma construção constante da cidadania.

FELICIDADE: objetivo de uma vida que se experimenta coletivamente. Viver criativamente.

Articulação
Cidadania e Democracia
Ética e Política
Text Box:  A associação de felicidade e cidadania se dá na medida em que o exercício da cidadania é possibilitador da experiência da felicidade.
ALTERIDADE E AUTONOMIA
Identidade: algo construído nos limites da existência social dos sujeitos; em permamente construção e se constrói na articulação com a alteridade, implica o reconhecimento recíproco.
            O contrário de igual não é diferente – é desigual. A afirmação da identidade se dá na possibilidade da existência da diferença e na luta pela superação da desigualdade.

Somos livres em companhia ð A liberdade se dá em relação, logo, a autonomia é relativa.

LIBERDADE E RESPONSABILIDADE: somos responsáveis porque somos livres.
ALTERIDADE: exigência essencial de um respeito mútuo na relação entre os indivíduos.
            Cidadania e felicidade colocam-se como intercomplementares. Ganham sentido num espaço verdadeiramente democrático, em que ações e as relações sustentam-se em princípios éticos: afirmam-se as identidades no diálogo, no respeito mútuo, na justiça e na solidariedade e buscam-se condições de uma vida digna.

A ação docente e a construção da felicidadania
1. Construir a felicidadania, na ação docente, é reconhecer o outro.
            Respeitar significa intervir no sentido de permitir o desenvolvimento das potencialidades e de estimular novas capacidades.

2. Construir a felicidadania, na ação docente, é tomar como referência o bem coletivo.
O QUE
ENSINAR?ð
CIDADANIA
ORIENTA AS RESPOSTAS
COMO
PARA QUEM
POR QUE
PARA QUE
3. Construir a felicidadania, na ação docente, é envolver-se na elaboração e desenvolvimento de um projeto coletivo de trabalho.
ESCOLA/PROJETO
AÇÕES PEDAGÓGICAS ð AÇÕES EDUCACIONAIS
Projeto/mapa: “o mapa é a certeza de que existe o lugar”. Adélia Prado.
            Revela o caráter utópico do trabalho pedagógico (ideal).
ð EXIGE EMPENHO E CORRESPONSABILIDADE.

4. Construir a felicidadania, na ação docente, é instalar na escola e na aula uma instância de comunicação criativa.
            A forma de que se reveste a comunicação pode favorecer ou afastar a possibilidade de uma aprendizagem realmente significativa.

LINGUAGEM É O INSTRUMENTO
        Ä CORPORAL
        ÄESCRITA
        ÄFALADA
COMUNICAR E COMUNGAR
TORNAR COMUM
FAZER SABER

CONSTRUIR O BEM COMUM: é necessário tornar comum o saber, romper com a idéia do conhecimento como propriedade privada, colocar ao alcance de todos o que se produz, para que seja apropriado e transformado.
COMUNICAÇÃO PEDAGÓGICA: se realiza no diálogo que se faz na diferença e na diversidade.
                          Ä Exigência ética no reconhecimento do outro.

5. Construir a felicidadania, na ação docente, é criar espaço, no cotidiano da relação pedagógica para a afetividade e a alegria.
FESTA: alegria, prazer.
            “Sentimento positivo de saborear o mundo, quando se sabe dele, de partilha. A alegria se constrói em coro”.
RIGOR ¹ RIGIDEZ
                                       CONHECIMENTO                IMOBILIZA
                                       CRÍTICO
                                       SERIEDADE
                                               Ä proporciona crescimento e alegria com a construção e                                                          reconstrução do conhecimento.

Seriedade não é sinônimo de cara fechada.
Ação docente: criadora de felicidade.
AFETIVIDADE: traz cor e calor à prática educativa. E beleza!

6. Construir a felicidadania, na ação docente, é lutar pela criação e pelo aperfeiçoamento constante de condições viabilizadoras do trabalho de boa qualidade.
            É preciso levar em conta as condições infraestruturais para o trabalho.

“A mudança na sociedade começa por rejeitar o que é tido como inevitável” – BETINHO


“Todos têm direito à vida digna, à cidadania. A sociedade existe para isso”. – BETINHO

Text Box: TEREZINHA RIOS
             ð A educação só serve para isso.
FELICIDADANIA    ð A escola só serve para isso.
   ð O trabalho docente só serve para isso.






CAPÍTULO V – Certezas provisórias

            “É fundamental viver PARA a educação, em vez de viver DA educação”. CARR
            “Não há filosofia pura, a filosofia é sempre PARA”.
            Filosofia para a educação. Filosofia da Educação para a Didática.

OBJETIVO de T.R.: oferecer subsídios para que os professores possam teorizar.
(Explorar e ressignificar conceitos)

RESUMÃO: páginas 137, 138 e 139.

Maria Elena
J
Estamos buscando a felicidadania.