Breve histórico da educação infantil


PREFEITURA MUNICIPAL DE CUBATÃO

ESTADO DE SÃO PAULO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO
DIVISÃO DE EDUCAÇÃO INFANTIL
 CENTRO DE APOIO PEDAGÓGICO

Breve Histórico da Educação Infantil

            No decorrer da história, a educação infantil teve vários significados. Surgiram entre os séculos XVIII e XIX as primeiras instituições para atender filhos cujas mães necessitavam trabalhar. Primeiramente o Padre Oberlin fundou as escolas de tricotar, Marbeau criou as creches e Froebel os kindergartens ou jardins de infância.

“A creche – palavra de origem francesa que significa manjedoura” era uma “...escola de higiene, moral e virtudes sociais”
         (Abramowicz, 1999)

O centro do processo educativo demonstrava o conceito de educar da época, com enfoque para a assistência, custódia e higiene.

Em resposta aos movimentos sociais em defesa dos direitos das crianças no que tange à perspectiva educacional, a Constituição Federal de 1988 pontuou a educação das crianças de 0 a 6 como direito do cidadão e dever do Estado. Determinou que os municípios atuassem prioritariamente no Ensino Fundamental e na Educação Infantil (art. 211, § 2º). Nesse contexto, a proteção integral às crianças passou a ser assegurada, com absoluta prioridade, pela família, pela sociedade e pelo poder público. A inclusão da creche no capítulo da educação explicita a função eminentemente educativa desta, da qual é parte intrínseca a função de cuidar. Essa inclusão constituiu um ganho, sem precedentes, na história da Educação Infantil em nosso país.

Em 1990, no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) foram reafirmados esses direitos, ao mesmo tempo em que foram estabelecidos mecanismos de participação e controle social na formulação e na implementação de políticas para a infância.

Com a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) em 1996, a finalidade da Educação Infantil definiu-se na Seção II, artigo 29, como

“o desenvolvimento integral da criança até 6 anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade”

Com a proposta de ensino para nove anos, este artigo sofreu alteração e a idade limite das crianças em Educação Infantil foi modificada para 5 anos.

Evidenciou-se o olhar à Educação Básica e o trabalho pedagógico adquiriu reconhecimento. Estabelece em seu art. 11, inciso V, parágrafo único, que essa incumbência cabe aos municípios.

Posteriormente foi elaborado o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), em 1998, que atendia ao estabelecido no art. 26 da LDB em relação à necessidade de uma base nacional comum para os currículos. O documento é um conjunto de ações que orientam as instituições de Educação Infantil dos sistemas brasileiros de ensino na organização, articulação, desenvolvimento e avaliação de suas propostas pedagógicas. A escola não tem obrigatoriedade de utilizar em suas ações os princípios, fundamentos e procedimentos do RCNEI. O documento não é uma normatização, tem o mérito de estabelecer padrões mínimos de ensino.

Visto que a etapa inicial é significativa para a construção do sujeito, há a importância de uma trabalho de qualidade na Educação Básica. Segundo Ferreira (1988), a relação criança-criança é de fundamental importância para o desenvolvimento infantil. Destaca que a criança é “agente ativa de seu próprio desenvolvimento que, através do brincar, e em interação com o meio físico e social, constrói habilidades e conhecimento sobre o mundo, a linguagem e sobre si própria como sujeitos”.

Segundo Faria (1994), tem-se agora um conceito de infância modificado, não mais com a visão adultocêntrica em relação a criança, que prioriza o adulto como responsável do processo de desenvolvimento infantil. A criança, segundo Thoman (apud Beraldo, 1989) é vista agora não mais como um adulto em miniatura (e portanto não deve se comportar como tal), não é um ser incompleto e nem incompetente. Também não se deve ter como meta principal a aceleração do seu desenvolvimento, mas sim entendê-lo. Esta transformação conceitual definiu dois aspectos indissociáveis nas ações com crianças de zero a três anos: o cuidar e o educar.

O RCNEI destaca que a concepção de educação infantil de integrar as funções de educar e cuidar em instituições educativas complementares à família exige que o adulto que atua na área seja reconhecido como um profissional. Isto implica que lhe devem ser asseguradas condições de trabalho, plano de carreira, salário e formação continuada condizentes com seu papel profissional. Implica a necessidade de que o profissional tenha idade igual ou superior a 18 anos. Ainda, segundo o documento, para que tais objetivos sejam alcançados, impõe-se a consolidação de alianças entre governo, instituições não governamentais e representantes da sociedade civil. As profundas desigualdades sociais e as limitações impostas pela situação econômica do país exigem que, considerem prioritários os segmentos mais carentes da população.
           
            Esta trajetória é marcada pelo aumento da demanda à medida que cresce a inserção da mulher no mercado de trabalho e há maior conscientização da necessidade da educação da criança pequena.

Faria (op. cit.) destaca ainda que a creche proporciona esse contato com crianças da mesma idade e de idades diferentes. Desta forma, ocorre a construção de vários conceitos, habilidades e o desenvolvimento moral. Segundo Marcelino (1986), torna-se um ambiente complementar à educação familiar e um espaço apropriado para a produção de cultura.


“... Pesquisas sobre desenvolvimento humano, formação da personalidade, construção da inteligência e aprendizagem nos primeiros anos de vida apontam para a importância e a necessidade do trabalho educacional nesta faixa etária. Da mesma forma, as pesquisas sobre produção das culturas infantis, história da infância brasileira e pedagogia da infância, realizadas nos últimos anos, demonstram a amplitude e a complexidade desse conhecimento. Novas temáticas provenientes do convívio da criança, sujeito de direitos, com seus pares, com crianças de outras idades e com adultos, profissionais distintos da família, apontam para outras áreas de investigação. Neste contexto, são reconhecidos a identidade e o papel dos profissionais da Educação Infantil, cuja atuação complementa o papel da família...”
(Política Nacional de Educação Infantil, 2006)

Em 2001, foi aprovado o Plano Nacional de Educação (PNE), que reafirma a Constituição Federal e a LDB. Destaca a co-responsabilidade de competências referentes à Educação Infantil para as três esferas de governo – município, estado e União – e da família.

“A articulação com a família visa, mais do que qualquer outra coisa, ao mútuo conhecimento de processos de educação, valores, expectativas, de tal maneira que a educação familiar e a escolar se complementem e se enriqueçam, produzindo aprendizagens coerentes, mais amplas e profundas.”
(Plano Nacional de Educação, 2001)

O PNE determina que os sistemas de ensino - inclusive escolas de Educação Infantil - da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios elaborem seus respectivos planos decenais com diretrizes, objetivos, metas e estratégias, abrangendo aspectos qualitativos e quantitativos. Essa construção deve ser democrática, com participação do governo e da sociedade. Para nortear esse processo o MEC define a Política Nacional de Educação Infantil com suas diretrizes, objetivos e metas que constam do Anexo I.

Governo e sociedade civil organizaram-se para discutir os baixos índices de desempenho dos alunos revelados pelo SAEB (Prova Brasil) e pensaram em formas de transformar esta realidade, colocando a Educação como prioridade nas discussões políticas. Como resultado, surge o Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE) em 2003.

“É uma ferramenta gerencial que auxilia a escola a definir suas prioridades estratégicas, a converter as prioridades em metas educacionais e outras concretas, a decidir o que fazer para alcançar as metas de aprendizagem e outras estabelecidas, a medir se os resultados foram atingidos e a avaliar o próprios desempenho.”
(Plano de Desenvolvimento da Escola, 2003)

Em 2008 as escolas da Rede de Ensino de Cubatão elaboraram o PDE. Houve a oportunidade de implementação desta metodologia nas Unidades de Educação Infantil I do município. Uma comissão, composta por diretores, coordenadores e coordenadora do Centro de Apoio Pedagógico do Infantil I adequou o documento para a realidade das creches, já que a elaboração feita pelo MEC prioriza o Ensino Fundamental. Depois de apresentação na SEDUC resolveu-se suspender a aplicação do documento nesta etapa. São instituições que em 2008, não tinham professores, Hora de Trabalho Pedagógico (HTP) e trabalhavam com falta de funcionários. Não houve possibilidade de se elaborar um documento que tivesse como diretriz uma construção coletiva e fazê-lo de forma não democrática não surtiria interesse.

O Plano de Metas e Compromisso Todos pela Educação, implementado pelo decreto nº 6094, de 24 de abril de 2007, traduz uma ação direta do MEC e lideranças da sociedade civil. O documento foi assinado por prefeitos em 2008 (Cubatão assumiu este compromisso do Município com as Metas de Educação do país) tem 28 diretrizes e como objetivo principal

“assegurar as condições de acesso, permanência, conclusão e sucesso dos alunos de forma a não comprometer o presente e, irremediavelmente, o futuro das novas gerações e do desenvolvimento social e econômico do país”
(Plano de Metas e Compromisso Todos pela Educação, 2007)

O município, ao aderir ao Plano de Metas e Compromisso Todos pela Educação, compromete-se a realizar o Plano de Ações Articuladas (PAR), que é um instrumento de diagnose da situação educacional da Rede Municipal de Ensino. Tem caráter participativo e objetiva promover uma análise compartilhada desta realidade. Encaminhado ao MEC em 09/12/2008, torna-se o principal instrumento político de gestão, tornando-se parte integrante do Projeto Político Pedagógico Institucional (PPPI) da Secretaria de Educação de Cubatão.